Com a defesa pelo “forró de verdade”, o sanfoneiro e interprete Targino Godim, assim como outros forrozeiros, tem lutado pela tradição do São João no Nordeste. A partir das referências musicais em Luiz Gonzaga, Marinês, Jackson do Pandeiro, Trio Nordestino e Dominguinhos, o músico tem exaltado a partir desses nomes “o respeito aos modos como foi criado o gênero”.
Ao iniciar o período em que sua agenda de shows fica mais movimentada, Targino defende a áurea da festa junina com fogueira e sanfoneiro tocando nas praças. “Eu fui menino assando milho na fogueira, ensaiando quadrilha noites e noites. Meu pai trazia lenha e saía pelas ruas para quem quisesse pegar e fazer sua fogueira na noite do São João. Isso está se acabando.
É um sinal de uma destruição do que foi construído por anos e anos por nossos avós. A festa de São João é de família e hoje isso tá mudando, é só uma festa que vemos em qualquer lugar”, avaliou o cantor, que destacou a descaraterização do evento com a presença de artistas de outros ritmos.
Targino pontuou que há músicos que se apoderam do forró, mas não tocam tal gênero. Ele ainda explicou que, por isso, não gosta de ser classificado pelo que faz como "pé de serra”. “Não gosto da nomenclatura que o meu forró seja o pé de serra. Com esse termo a gente dá espaço ainda mais para as bandas que se chamam de forró se apoderem ainda mais do nosso termo.
Os jovens podem crescer achando isso, que quem faz forró é o ‘ciclano do forró’, banda do forró [usando como exemplo Aviões e Wesley Safadão]. Gosto do balanço deles, não tenho nada contra, mas não nos representa”, afirmou o sanfoneiro, ao criticar a invasão de sertanejos do Sul e Sudeste e dos “Forrós Elétricos” na festa junina. “Quem tem que tocar são os sertanejos do Nordeste. Os sanfoneiros, os que vivem sempre fazendo isso, que trabalham e aguardam esse momento pra mostrar nosso trabalho e a nossa cultura”, ressaltou.
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