Vibradores, prolongadores de ereção, anéis penianos, géis excitantes. Dispostos em uma estante no meio de uma feira erótica, os produtos sexuais não causariam espanto, não fosse por um detalhe: são direcionados ao público evangélico. Entre os destaques do evento Sexy Fair, que começa nesta terça-feira no Centro de Convenções SulAmérica, no Centro do Rio, estão os artigos da loja Secret Toys — “brinquedos secretos”, em português — que pertence ao casal evangélico João Ribeiro, de 40 anos, e Lídia Ribeiro, de 33. O trabalho da dupla vai além da venda dos produtos. Há cinco anos, eles prestam consultoria para casais evangélicos que desejam conhecer cosméticos do prazer sem ferir os princípios religiosos.
— Resolvemos entrar nesse mercado quando descobrimos que era algo que podia ajudar casais. Vi muitos amigos deixarem a igreja porque tinham problemas de relacionamento e não encontravam respostas para isso. Muitos ouviam que aquilo era ação do diabo para destruir o relacionamento. Pode até ser, mas em muitos casos é um problema mais simples, que pode ser corrigido e ajudado com cosméticos — explica João, que pede para não ter sua igreja identificada.
Um dos produtos mais procurado pelo público evangélico é o vibrador Bullet. Menos invasivo que os vibradores de penetração, o artigo é uma pequena cápsula vibratória que vem com um controle, com a função de estimular o clitóris e o ponto G da mulher. Os géis excitantes também estão entre os favoritos das evangélicas. Mas uma novidade que será apresentada na feira promete roubar as atenções. Trata-se do Forlady, um gem em gostas que é aplicado e no canal vaginal.
— A ação começa em apenas 15 segundos após a aplicação. Além de excitar, ele esquenta, vibra e pulsa — explica João.
Resistência e preconceito
Há cinco anos no mercado, João Ribeiro enfrentou resistência e preconceito de evangélicos. Mas não se deixou abalar. Para explicar ao público seu trabalho, passou a investir em palestras e a prestar consultorias para casais. Hoje, João e Lídia viajam todo o Brasil promovendo palestras e cursos.
— Quando se fala em sexualidade, as pessoas já pensam logo em sexo. Mas sexualidade abrange muitas outras questões. Quem houve falar pela primeira vez em sexy shop fica com preconceito, mas após ver nosso trabalho, ouvir nossas palestras, essa percepção muda — diz João: — Antigamente, a mulher não sabia o que era o orgasmo. Sexo era só para procriar, não para ter prazer. O que nós fazemos é adaptar o mercado sensual à revolução sexual cristã.
Para se diferenciar das sexy shops comuns, João e Lídia se preocupam com os mínimos detalhes. Desde a cor das embalagens — eles evitam a chamativa cor vermelha, preferida dos fabricantes desse mercado — até a indicação de produtos mais discretos.
— Para atender ao público evangélico, é importante saber respeitar os dogmas e crenças de cada um. Um dos tabus, que a gente sabe respeitar, é quanto ao uso de produtos para sexo anal. O que a gente mais indica é o excitante feminino, um gel que dá sensibilidade para a mulher ter mais prazer, e para os homens o prolongador de ereção. Géis comestíveis, para massagem, também são boas pedidas — conta João.
Alardeado pelos seus organizadores como o maior evento erótico do país, a feira Sexy Fair começa nesta terça-feira e vai até domingo. A previsão é que 40 mil pessoas visitem o centro de exposições.
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