Segundo Iara, depois que o pai de Alighiere, José Raimundo Lima, reprovou a atitude do filho em sua página no Facebook e ter explicado que o agressor sofre com depressão e costuma ingerir bebida alcoólica fazendo uso de medicação, ela decidiu perdoa-lo.
“O pai dele é uma pessoa excepcional, muito educada e mostrou-se indignada com o que filho fez. Além disso, ele (Alighiere) é uma pessoa digna de pena. Precisa fazer tratamentos e, por isso, eu, como médica, não podia seguir em frente”, declarou.
Iara disse que compareceu na manhã desta segunda à Delegacia de Ipiaú, onde formalizou sua decisão ao delegado Ivan Lessa. O documento foi anexado ao inquérito e caberá o parecer da Justiça. “Ele foi indiciado por injúria racial, dano ao patrimônio público e por conduzir veículo sob efeito de substância alcoólica”, explicou o delegado. Alighiere foi liberado após pagamento de fiança de dois salários mínimos.
Na delegacia, Iara encontrou José Raimundo. “Ele tornou a se desculpar, garantiu que vai pagar meu carro e me entregou uma carta assinada pelo filho com um pedido de desculpa”, disse a médica ao CORREIO.
Racismo
Natural de Virgolândia (MG), Iara formou-se em Medicina pela Universidade de Itaúna (MG) e há nove meses está na Bahia, onde trabalha no Hospital Geral de Jequié e na Unidade Básica de Saúde da mesma cidade. No sábado, ela trabalhou para um colega em um hospital particular em Ipiaú, onde ocorreu o incidente.
Iara disse que nunca tinha sofrido preconceito. “Não mexeu com a minha autoestima, mas pra mim foi uma surpresa, porque isso nunca aconteceu comigo. Tanto que pedi para ele repetir e ele repetiu”, relatou.
Para ela, o mais doloroso foi a reação da família. “Minha mãe ficou arrasada. Meu irmão chorou muito. Daí, tive a dimensão do que é o preconceito. Mas tudo isso me deixou uma pessoa mais sensata. Serviu de crescimento pessoal. Tem muita gente como ele (Alighiere), infelizmente”, comentou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário